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Qual o melhor tratamento para os meus vasinhos?

Junho 2015

 

A principal queixa dos pacientes no consultório de angiologia são os vasinhos indesejáveis. Também chamados de microvarizes ou telangiectasias, esses pequenos vasos de coloração avermelhada ou arroxeada são bastante superficiais e, por isso, são bastante aparentes. Esse comprometimento estético provoca, essencialmente nas mulheres, o desejo de eliminá-los, mesmo quando não há sintomas. E, por vezes, fica a sensação de que é impossível eliminá-los completamente ou de que esses vasinhos voltam rapidamente após o tratamento.

 

A fim de obter o melhor resultado estético possível, atualmente estão disponíveis diversos tipos de tratamento e cada caso merece um tratamento específico. O tratamento, geralmente conhecido como escleroterapia, tem como objetivo inflamar o vaso, para que essa reação leve ao seu fechamento completo. O resultado final não é visto na hora, mas começa a ser notado logo após a fase inicial da inflamação.

 

Abaixo, listo essas diversas terapias para esclarecer o papel de cada uma no tratamento das microvarizes. Esclareço também tópicos importantes em relação às manchas e ao retorno dos vasinhos após o tratamento. Por fim, apresento qual o meu tratamento ideal para as microvarizes.

Escleroterapia com Laser (Nd:Yag 1064nm / IPL)

 

O principal tratamento atualmente para microvarizes é o uso de Laser. O Laser é um feixe de luz monocromático que, ao ser disparado, penetra na pele humana e se transforma em calor ao encontrar o seu alvo. Nesse caso, o alvo é o sangue que passa no interior desses pequenos vasos. Esse calor irrita e inflama o vaso, que interrompe o fluxo de sangue em seu interior e se fecha. Pode ser indicado para o tratamento desde vasinhos bem pequenos até algumas varizes reticulares. Devido ao rápido e contínuo disparo, além de não haver uma dose limite, o Laser pode ser aplicado em áreas extensas em uma mesma sessão, o que aumenta a satisfação com o resultado. Além disso, nos vasos menores a sensação de dor é pequena durante o tratamento e não ficam equimoses (roxos) no local da aplicação.

O mais importante no Laser é o tipo de pele. Peles muito morenas ou negras apresentam menor eficácia e maiores riscos na utilização do Laser, e, portanto, este método é geralmente contra-indicado nesses casos.

Embora pouco freqüentes, podem ocorrer queimaduras na pele, especialmente nas peles mais morenas e com a utilização de parâmetros de energia muito elevados.

Escleroterapia líquida (Aplicação)

 

Esse é o método mais utilizado pelos Angiologistas e Cirurgiões Vasculares, especialmente aqueles não familiarizados com o uso de Laser. É um bom método, em que uma sustância irritativa é aplicada no interior do vaso e provoca sua inflamação e conseqüente fechamento. A cor da pele não impede esse tipo de tratamento, podendo ser realizada desde peles muito claras até a pele negra. Está mais indicado nos vasos de pequeno calibre. Em vasos muito finos às vezes não é possível a injeção através da agulha. Em vasos maiores, pode não ter efeito ou causar somente a formação de coágulos dentro do vaso, o que pode levar posteriormente a manchas. Dependendo da substância utilizada, pode levar ao surgimento de úlceras nos locais de aplicação.  

Crioescleroterapia

 

Para vasos um pouco maiores, a crioescleroterpia tem excelentes resultados porque combina a acão química da substância esclerosante irritativa com a ação física do frio, que danifica a parede do vaso. Neste método, o líquido esclerosante passa por um processo de congelamento a -40 graus Celsius e é aplicado no interior do vaso. Dessa forma, produz um espasmo mais forte da veia, que se fecha, diminuindo a quantidade de coágulos no interior e reduzindo a chance de manchas. 

O tratamento ideal - a combinação de métodos

 

Em diversas áreas da medicina, com o passar dos anos, notamos que usar sempre o mesmo tipo de tratamento em diferentes pessoas e em diferentes casos não leva a bons resultados. No tratamento estético das microvarizes não é diferente. Atualmente, o melhor método que disponibilizamos é a combinação de todos os outros. Em uma mesma sessão, às vezes em regiões da perna muito próximas, encontramos vasos de diferentes tamanhos, com diferentes colorações, alguns mais superficiais, outros mais profundos, e ainda precisamos considerar a cor da pele do paciente. Dessa forma, pode ser necessário, para conseguirmos um excelente resultado estético, combinar o laser, a aplicação e a crioescleroterapia.

A grande "vilã" da escleroterapia - a mancha após tratamento

 

Manchas residuais podem ocorrer após qualquer tratamento de escleroterapia e podem ser temporárias ou definitivas. As manchas podem ser decorrentes da inflamação da pele ocasionada por estes tratamentos ou por resíduos de coágulos que permanecem no interior das veias depois que elas se fecham. Por isso, mais uma vez, a combinação dos métodos de escleroterapia de forma correta reduz a chance de desenvolvimento de manchas. O ideal é sempre tratar com a ferramenta adequada para cada calibre e profundidade de vaso, ou seja, não utilizar um método "fraco" demais para um vaso grande, nem também um método "forte" demais para vasos pequenos. 

Já fiz aplicação, mas meus vasinhos voltaram! Por que isso aconteceu?

 

Essa é um questionamento muito comum e que desanima alguns pacientes a procurarem tratamento para as microvarizes. O tratamento com escleroterapia não leva a cura das microvarizes, porque não existe cura. Com o passar do tempo, é normal surgirem novos vasinhos que podem ser tratados novamente. Quando há um surgimento expressivo de microvarizes logo após o término de um tratamento com a aplicação (o que dá a sensação de "nunca vou conseguir me livrar deles") alguns problemas não identificados durante o tratamento podem ter ocorrido.

Em primeiro lugar, é muito importante a pesquisa de vasos nutridores, ou seja, vasos maiores que "alimentam" as microvarizes. Caso esses vasos não sejam eliminados, as microvarizes podem permanecer ou podem até se multiplicar. Por isso, o exame físico realizado de forma correta, com o auxílio de ferramentas especiais, e o uso do ecodoppler como auxílio imediato ao exame físico para identificar as veias nutridoras e sua relação com psosíveis refluxos oriundos das safenas ou de veias perfurantes é fundamental.

Além disso, pode ocorrer um fenômeno chamado "matting". Uma de suas causas é a inflamação excessiva gerada pela escleroterapia. Caracteriza-se por inúmeros vasos bem fininhos e avermelhados, geralmente após tratamento das microvarizes nas laterais das coxas. Esses vasos são de difícil tratamento e geram bastante desconforto na parte estética. Mais uma vez, o uso da ferramenta ideal para cada vaso diminui a ocorrência desse fenômeno.

 

Então, volto a perguntar: qual o tratamento ideal? O que eu faço na minha prática clínica?

 

Inicialmente, realizo um exame físico detalhado, levando em consideração os diversos tipos de vasos a serem tratados, com foco para aqueles vasos que mais incomodam o paciente naquele momento. Considero também o tipo de pele a ser tratada e se o paciente tem manchas anteriores decorrentes de algum tratamento e de exposição solar. Preconizo a utilização do ecodoppler já na primeira consulta, como parte fundamental do diagnóstico e do planejamento para o tratamento correto. Fotografo, com autorização do paciente, as pernas para acompanhar a evolução do tratamento. Sempre indico a combinação dos diversos tipos de tratamento, após explicar ao paciente todos os riscos e benefícios de cada um. Preferencialmente, utilizo o laser como a principal forma de tratamento, quando possível. 

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